sábado, 12 de janeiro de 2013





CAPÍTULO XXI - AS REENCARNAÇÕES DE TOMÉ 
(Parte 3)


Quinhentos anos antes de Susej, um jovem príncipe partiu, abrindo mão de toda materialidade, em uma longa jornada na qual suportaria a dor e sofrimento para alcançar o nirvana, a felicidade eterna a qual todos sonhamos. Ele era o Buda.

Cresceu em um palácio cercado de luxo. Na adolescência, sua posição privilegiada o permitiu realizar todos os desejos. Mas ele abriu mão de tudo pela sabedoria. Ele trilhou os caminhos mais escuros de sua mente para enfrentar seus demônios. Ele fundou uma filosofia de vida, ou religião, que hoje tem mais de quatrocentos milhões de adeptos, uma filosofia que utiliza a meditação para alcançar a paz e a felicidade suprema. A história de sua vida é uma das mais incríveis e o Buda é um dos ícones mais duradouros que existem.

- Você chegou muito perto de transformar o planeta nessa época Tomé, a humanidade mais uma vez perdeu a oportunidade de se modificar, de se regenerar através de nossos ensinamentos. - disse Sued em tom melancólico.

As lembranças dessa vida eram límpidas, como as águas da lagoa paraíso em Jijoca de Jericoacoara, o lugar predileto de Tomé , na Terra.

O principal ensinamento do budismo está concentrado no que é comumente chamado de "As Quatro Nobres Verdades", sendo que a última delas desdobra-se no "Nobre Caminho Óctuplo", uma prática de oito passos para conduzir as pessoas à felicidade.

A palavra “buda” quer dizer “iluminado”. Assim, toda pessoa que liberta-se do sofrimento e atinge a felicidade, torna-se um buda. Quando se fala o Buda histórico, está-se referindo a Sidarta Gautama, que foi um dos primeiros a atingir a iluminação e aquele que passou os ensinamentos para um grande número de pessoas.

Esse Buda histórico não tem nada a ver com aquela figura do gordinho careca risonho, que é apenas a representação folclórica de um monge chinês.

Devido às dificuldades de tradução e transmissão oral dos ensinamentos, em muitos lugares as "Quatro Nobres Verdades" são apresentadas da seguinte forma: “A vida é sofrimento; a causa do sofrimento é o desejo; a cessação do sofrimento é se ver livre do desejo; o modo de fazê-lo é o Caminho Óctuplo”.

Na tradução mais popularizada, vemos que “a vida é sofrimento”. Porém, basta olhar os ensinamentos do Buda para observar que ele jamais definiria uma coisa tão maravilhosa quanto a vida como “sofrimento”.

O que o Buda quis dizer foi que a vida de quem não se conscientiza está fora do eixo, está caminhando para o rumo equivocado, está fora de equilíbrio. É esse desequilíbrio que leva ao sofrimento. É como um carro que tivesse um dos eixos quebrados e por isso ficasse rodando em círculos, sem nunca chegar aonde deveria.

- A conscientização é o único caminho para a humanidade e demais espécies em evolução. - fragmentou Sued.

E Tomé firme e rígido com suas lembranças;

“A vida é sofrimento e o que causa o sofrimento é o desejo”. A versão da qual discordamos diz que a causa dos sofrimentos é o desejo. Mas o que seria da vida sem desejos, sem a motivação do crescimento? O homem não teria chegado aonde chegou não fosse seu desejo pelo saber, pelo progresso – com todas as suas conseqüências positivas e negativas.

A razão pela qual nós sofremos é o desejo fora de hora, o hábito de estar sempre querendo antecipar o futuro, querendo mais e mais, ou de estar relembrando o passado, sem nunca aproveitar o momento presente.

Se nunca estamos satisfeitos com o momento de agora, estamos sempre querendo alguma outra coisa. Essa é a principal causa do sofrimento. Se estivermos vivendo completamente o momento presente, não haverá “querer” e “não querer”. Estaremos em plenitude absoluta com o nosso "eu".

A terceira nobre verdade tradicionalmente é contada como a extinção do desejo para o fim do sofrimento. Mas não foi exatamente isso que o Buda falou.

A palavra usada pelo Buda histórico foi nirvana, que significa apagar. Porém, segundo a filosofia daquela época, quando se apaga uma chama, diz-se que a chama ficou livre. Quando se acende, captura-se a chama.

Apagar um desejo, nesse sentido, significa libertá-lo. Quando abandonamos o apego ao “eu quero” e “eu não quero”, nossa vida entra em equilíbrio. Estamos, finalmente, livres.

Não apague seus desejos, eles são uma motivação necessária para a vida. Apenas desapegue-se de estar sempre querendo algo mais e deixando de viver o momento presente, deixando de viver a vida.

O Nobre Caminho Óctuplo é a maneira pela qual o ser humano pode libertar-se do apego ao desejo. São oito atitudes que devem ser seguidas no dia-a-dia. São instrumentos práticos para colocarmos a nossa vida em equilíbrio e nos aproximarmos da felicidade. Não há neles nada de místico.

1. Palavra apropriada;
Você deve apenas falar a verdade. Deve apenas fomentar conversas que causem harmonia e progresso. Deve usar palavras leves, elogiosas e construtivas. Deve somente conversar produtivamente.

2. Ação apropriada;
Suas ações devem preservar os seres vivos: homens, animais e vegetais. Você deve pegar apenas aquilo que lhe pertence. Deve ser fiel ao companheiro amoroso. Deve ingerir apenas alimentos e bebidas que façam bem à sua saúde. É por isso que muitos budistas são vegetarianos, para não causar sofrimentos aos animais, que são seres sencientes, ou seja, que sentem dor.

3. Meio de vida apropriado;
A profissão escolhida deve ser honesta, para o bem comum e nunca prejudicando e explorando nosso semelhante.

4. Esforço apropriado;
Você deve esforçar-se para fazer o bem e consertar o que está equivocado, fora de equilíbrio.

5. Plena atenção apropriada;
Você deve viver em estado de constante atenção. Atenção com o corpo, com as sensações, com os pensamentos e com os sentimentos.

6. Concentração correta;
A concentração é a mente unipolarizada, isto é: mente voltada para um único ponto. Desenvolver a concentração requer que você abra mão do desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Que cultive a alegria, a tranquilidade e o amor. Que mantenha-se ativo e disposto; relaxado e despreocupado; certo do seu objetivo de vida.

7. Compreensão apropriada;
Compreender as Quatro Nobres Verdades, compreender as três características da existência: O corpo é impermanente, as sensações são impermanentes, as percepções são impermanentes, as formas mentais são impermanentes, e as consciências são impermanentes. E tudo o que é impermanente é sujeito ao sofrimento e mudança. Dessa forma, não se pode dizer “isto pertence a mim” ou “isto é meu”.

Compreender as ações meritórias (a ação apropriada, a palavra apropriada e o pensamento apropriado) é a raiz dessas ações: renúncia, desapego, boa vontade, benevolência, generosidade, moralidade, meditação, reverência, gratidão, respeito, altruísmo, transferência de mérito, alegria pelo sucesso alheio, ouvir a doutrina, expor a doutrina, ter corretos ponto de vista e compreensão.

Compreender as ações demeritórias (Pelo corpo: destruir seres vivos, roubar e explorar, adultério, ingerir tóxicos e bebidas alcoólicas. Pelo verbo: mentir e caluniar, levar e trazer conversas, palavras pesadas, duras e ofensivas, tagarelice e conversas frívolas. Pela mente: cobiça-egoísmo, vaidade, má vontade, ódio e raiva, errôneos pontos de vista.) é a raiz dessas ações: cobiça, ódio, ilusão, ignorância, egoísmo.

8. Pensamento apropriado;
São todos os pensamentos que vêm das ações meritórias e que devem ser mantidos em nossa mente o máximo de tempo possível. Quando um pensamento inapropriado – aquele baseado nas ações demeritórias – surgir, deve ser imediatamente substituído por um pensamento apropriado.

Era resplandecente em seu subconsciente, todas aquelas lembranças de si e dos mandamentos, outrora ali implementados, afim de suplantar a evolução moral e espiritual de toda a humanidade. - refletia Tomé. O budismo é uma filosofia extremamente positiva de vida e assim deve ser visto. As técnicas de controle da mente do budismo vem sendo estudadas cada vez mais por cientistas, que já identificaram através de eletroencefalogramas que monges que levam a filosofia de vida do budismo muito a sério conseguem altos graus de atividade na área do cérebro que registra os sentimentos de felicidade.

- Sim Tomé, como pode ver, você chegou ao seu planeta bem antes que Susej e por isso lhe chamei para essa nova missão, e não a ele.
Suas características da dúvida e da teimosia o levam além, para a implementação de uma "nova era", precisamos de alguém que tenha estado pelo planeta Terra em grande parte da existência humana. Nesse caso você está apto ao cargo de novo "Messias".

Continua...

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