domingo, 6 de janeiro de 2013




CAPÍTULO X - A SIRENE DA AMBULÂNCIA


Tomé ouvia ao fundo algo parecido com uma sirene de ambulância não via absolutamente nada, nem mesmo Sued. O mínimo de claridade que existia, era turva como em um dia coberto por neblina.


A dor no peito, ao lado esquerdo era terrível, quase insuportável. O cheiro no ar era de éter ou amônia. E um choro interminável, ao qual ele imediatamente identificou, pelo longos tempos vivendo ao seu lado, da sua esposa Gabriela, viria a lhe dar noção de onde estava.

Com grande dificuldade Tomé tentava abrir os olhos, mais aquela claridade era terrível. Ele não entedia ainda o que acontecia naquele momento, e pensava; Onde está Sued, onde será que estou?

Por um longo tempo parecia que tudo estava desligado, ele lembrava de sua vida, da vontade que ele tinha de vencer, dos seus Pais, irmão, filhos e netos. Fazia uma avaliação de toda a vida, até ali.

Lembrava dos dias perfeitos de praia, com a família, dos erros cometidos e arrependimentos das escolas onde estudou, dos lugares que visitou. Como sua vida tinha sido boa, como aproveitara ao máximo aqueles dias naquele planeta ainda belo, mesmo com tanta destruição causada pela raça humana.

Seus olhos abriram-se involuntariamente e ele reconheceu Gabriela, linda como sempre, apesar das diversas lágrimas cercando seu rosto, e com aquele sorriso que ele simplesmente amava. Seu semblante parecia tenso e ao mesmo tempo aliviado e entre soluços ela perguntou;

- Amor, você está bem?

E Tomé com extrema dificuldade balbuciou;

- Sim, estou bem! Mais onde está Sued?

Aproximando-se da onde tomé estava deitado, um homem com um jaleco branco disse;

- Dona Gabriela, tenha um pouco de paciência, o infarto do miocárdio, mesmo após alguns dias, ainda deixa algumas sequelas e temos que avaliarmos, ainda, toda situação de seu marido. Há possibilidades de algumas alucinações por conta da medicação.

Tomé, agora identificando a sirene da ambulância que tocava lá fora, estava irritado por não conseguir silenciar tal ruído perturbador. - Onde está Sued? - voltou a perguntar.

Gabriela respondeu;

- Mais quem é Sued, meu amor?

Olhando em volta e dando-se conta que estava em um hospital, Tomé não acreditava que tinha tido um infarto. Será que tudo aquilo que passará era um sonho? Perguntava-se.

Sued era apenas um ser imaginário ou ele tinha vivido realmente toda aquela viagem insólita?

Sua dúvida dava espaço, novamente, para a descrença espiritual, a qual o cercava naqueles últimos anos. A irritação, por conta da sirene e daquela situação deu lugar a tristeza e Tomé fechou os olhos, para tentar se livrar daquela agonia.

A vontade de chorar lhe inundou o coração, vertendo pelos olhos. Porque tudo aquilo estava acontecendo? A dor em seu peito estava insignificante, comparado ao sentimento de vazio.

Houve uma pausa...

E um barulho ensurdecedor esganiçou o ar, e Sued apareceu colocando a mão sobre o ombro de Tomé.

- Estou aqui meu amigo, jamais irei lhe abandonar! Agora vamos, tenho que lhe mostrar algo sensacional feito pelo povo egípcio, uma nave espacial disfarçada de lua.

E Tomé bravo, e ao mesmo tempo, confuso disse;

- Agora eu morri!

Sued riu e retrucou;

- Já lhe disse que não existe morte, meu amigo Tomé. Mesmo assim lhe garanto que ainda não desencarnou, verás toda sua família terráquea, não se preocupe! Exclamou.

Continua...

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