sábado, 5 de janeiro de 2013




CAPÍTULO I - A DESCOBERTA


Tomé estava com o olhar fixo ao fundo, na profundidade do vazio. Parado, estático, na ampla varanda em sua casa de campo, observando no horizonte uma enorme e variada vista verde, em tons que, aos seus olhos, pareciam únicos e inexplicáveis, pura obra de arte da mãe natureza.

Até então parecia ser mais um dia normal, nublado, tedioso e sem perspectiva de um sentido “explicável”, de algo que realmente poderia dar notoriedade aquela profunda melancolia de lembranças que passavam por rasgar seu peito em uma dor sem fim, a dor de quem só sente, e conhece, após ter amado e ter sido abandonado. 

Com sua fé inconstante e insólita ele lê em sua mente de forma imaterial e com riqueza de detalhes uma passagem bíblica;

"Jesus diz: o meu reino não é deste mundo; se meu reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos Judeus...” (João XVIII: -3-37)

Imediatamente a paisagem paradisíaca a sua frente se apaga e dá lugar, em um piscar de olhos, após breve tormento em uma mistura de falta de ar e mergulho no infinito, à imagem de uma criatura no mínimo simpática, com um largo sorriso, albino ao extremo e com uma perfeita arcada dentária, fala com voz firme e assim pergunta:

- Você se sente bem? – e imediatamente emenda;
- Sou Sued, estou aqui como seu amigo e guia! – Pode me acompanhar?

Com grande dificuldade por não entender bem o que estava acontecendo ele se ergue olhando em volta. Com extrema surpresa, dá uma vasta olhada em sua volta e se depara com a visão mais intrigante de toda sua existência. Nem o ser humano com o mais alto grau de inteligência ou com extrema capacidade técnica, conseguiria detalhar tal visão.

O verde antes redefinido em sua bela visão no horizonte em sua varanda, não se comparava com as cores múltiplas e de tons variados em toda sua supremacia. Tudo era grande e com formas sublimes de uma magnitude não humana. Por não entender e ao mesmo tempo querer achar respostas para o que estava ocorrendo, suas palavras embolavam-se em seu peito, de forma que não conseguia balbuciar uma única sílaba.

Sued com grande delicadeza e equilíbrio disse:

- Vamos, estamos em um longo caminho, onde todas suas perguntas terão respostas e conhecerás o que todos terão a oportunidade de conhecer um dia, desde que queiram, com os corações e mentes abertas.

Seguindo Sued, Tomé desceu uma trilha por dentro de uma intrigante espécie de floresta, com grande riqueza de flora e fauna, completamente irreal, pois um dia no planeta terra pode até ter existido tal lugar, mais hoje com certeza não havia nada parecido. Com grandes árvores bicentenárias atingindo a altura de prédios de oito ou dez andares e vastas concentrações de pássaros multicoloridos, eles desceram a encosta em uma escadaria de pedras perfeitas, que pareciam ter sido colocadas com as mãos, mais pelo tamanho e forma seria impossível, nem cem homens juntos não teriam força suficiente e nem conseguiriam atingir tal encosta em posição válida para tal colocação, imaginava Tomé.

Nesse momento Sued, em tom entusiasmado diz;

- Tomé, estamos em Arret, um lugar a milhões de anos luz de seu planeta.

Nesse momento, em choque pelas palavras de Sued, eles chegam a um grande campo aberto em uma espécie de acampamento com um aglomerado, do que se assemelhava, a tendas árabes e antes de conseguir distinguir qualquer outra coisa ele olha para o céu e em sua simplória ignorância humana não compreende a imensidão de três sóis a brilhar em um amarelo alaranjado profundo e incógnito, sublime divindade.

Sued continua;

- O que você está vendo é apenas uma centelha do que há. O que sentires será a verdade absoluta em sua forma, mais primitiva e original. Vamos ao lugar de onde a origem de tudo floresceu, lá entenderás a existência e principalmente a si próprio.

Continua...

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